terça-feira

Uni-on E Parador Properties Não Terão Natal

Dizem que a borbulha imobiliária explodiu... a verdade e que aquilo que nos está a explodir na cara é o mundo inteiro com nosso especial modo de concebê-lo... Creimo-nos deuses de nossa própria criação e somos tão bobos que o nosso invento está vindo-se abaixo... E sim... cá em Portugal também está vindo-se abaixo o sistema... com banqueiros gripados que não querem dar as caras ante a justiça e muita pouca- vergonha para ganhar uns poucos euros que se irão tão rápido como chegaram mas deixando nossa palavra e nossa imagem cada dia um bocadinho mais moída... Dizem que aqui já também não se vendem apartamentos, que os espanhóis bastante têm com a sua crise que não compram... mas nem os ingleses, nem os alemães, nem corajoso que se apareça por estas terras... O que não reconhecemos, nem aqui, nem ali, é que vêmo-nos tão moídos e feitos que ¿quem achega-se a nós?... Vou contá-lhes um conto... um conto de Natal... o conto de uma imobiliária, conhecida em Espanha, Uni-on, que vendía apartamentos em Portugal... alguém contatou-lhes, comprou, mas na metade do trâmite o escritório estava fechado e o contato tinha o celular desligado... Tudo continuou mais ou menos, pois tomou o relevo um intermediário em Portugal, Parador Properties, que prometía dar o melhor serviço: 'make you feel more at home in Portugal'... Sim, este era o seu lema, 'te faz sentir como em casa em Portugal'... só que não iam aos encontros, mentíam tanto ao vendedor como ao comprador, e ao fim, o apartamento vendeu-se... Todos agarraram a sua fatia mas os fatos destes refinados executivos não podíam esconder tanto lixo... Hoje aquele escritório de Uni-on em Sevilla não existe mas eles seguem a vender cá e lá, têm página web e a sua logo fala de 'casas com coração'... Por sua vez, Parador Properties em Albufeira presume de muitos empregados e enorme escritório, mas em alguns dos edifícios que venderam não têm o coragem de mostrar a sua face de novo... Só que a eles não lhes importa, tanto como ao banqueiro da tv, ao fim, encheram-se os bolsos e crêem-se felizes... Em isso cimentamos nossa cultura... mas quando falta o dinheiro e os valores já não significam nada, inesperadamente nos damos conta de que não temos nada, ¿e então? ¿que fazemos aqui?... ¿ir ao supermercado por um aparelhinho novo que nos alegre o coração?...Chega de novo o Natal e parece que sim, que procuramos que algum artefacto faça palpitar de novo o nosso coração... Só que quando está tão sujo... ¿fica já lugar para a alegria? Oxalá alguns encontremos essa alegria na gente que nos quer bem e nas coisas que parecem sem valor, mas brilham cada dia e dão sentido a cada segundo, como o sol, um sorriso, uma mano amiga, ser nós essa mano amiga, viver... Oxalá recordemos porque celebramos o Natal, que não precisamos um mês, únicamente umas horas, essas do jantar com a família e os amigos, essas em que recordamos a um menino de Belém que não entendía o mundo como nós.

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